terça-feira, 5 de maio de 2009

Querida Joana,

Muito obrigada para a tua carta e outra vez para a tua ajuda. Acabo de telefonar com a Sofia que te espera com os medicamentos em Portimão.

O que quer que os digam, recomendo-os de ficar longe do Porto. Depois de terem conseguido receber os novos antivirales (oseltamivir e zanamivir) acreditam em controlar a situação. Mas ainda não é obvio que estos façam efeito. Afortunadamente deixaste a cidade com a família antes de terem-na isolado. Nós, que recobrámos saúde por sermos crianças ou velhos, combatemos contro o mal embora vejamos morrer os doentes como moscas. Dentro de pouco têm-se formado seitas de velhos curados que acham possível que nos encontremos na apocalipse. Talvez sejam hipócritas que aproveitam do medo dos incubados de que não inventem uma terapia efectiva contro o H1N1 até chegar o ceifador para buscá-los, talvez finjam os religiosos a fim de roubar o pouco dinheiro que resta aos contagiados após terem pagado os médicos e remédios. Seja como for, neste momento prefiro que lutemos e que guardemos a moral, as luzes, a justiça, em suma todos os ideais para o futuro de salvação que espero que chegue em breve.

Não te preocupes com o Pedro. Só no caso de a sua “constipação”  causar diarreia e vômitos (a febre repetina, a fadiga, os dores pelo corpo e a tosse são também sintomas da gripe convencional) parece-me necessário que consultes a Sofia ou outros da organisação clandestina.

Um grande beijo (estéril), Elisa

P.S.: Podes confiar completamente no intermédiario que te entregou a minha carta. É melhor que nos tenhamos em contacto através dele do que nos vejamos obrigadas a cifrar usando a posta oficial. 

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